Um dos emblemas da cidade das Caldas da Rainha, os Pavilhões do Parque, está a cair. Em breve, estas mesmas páginas anunciarão o seu desmoronamento. Não o digo por efervescência; digo-o porque há, literalmente, pedras a cair. Quem visite o belo parque D. Carlos I, reparará no conjunto arquitectural que ali foi erguido no século XIX para acolher os banhistas das Termas mais cobiçadas de então. Mas o imóvel nunca cumpriu a função original; tinha o destino traçado como num mau fado. A apatia e a indolência mergulharam esta jóia da arquitectura termalista num poço de inércia.
Os Pavilhões do Parque são um emblema das Caldas da Rainha; um símbolo do dilema que mais refreia o crescimento desta cidade. Que proveito pode esperar-se do relacionamento entre a administração falida do Hospital Termal (proprietária de património urbanisticamente estratégico em ruína) e uma Câmara Municipal que vive num estado de espera e em função do que quer que lhe caia no colo? Uma parceria que deveria reunir o dobro das energias e das influências revela-se um factor a dobrar de entorpecimento e de paralisia política. Os Pavilhões do Parque são o emblema dessa irresolução em que ambas as administrações se afundaram, num irresponsável jogo do empurra: “Fica lá tu com os Pavilhões? Eu? Eu não. Vá lá, ao menos fica com um. Não quero, já te disse”. Digo-vos: um dia destes alguém ainda se magoa.