Segunda-feira, 21 de Junho de 2010

sete a zero

 

Será possível que alguém na direcção de uma escola se dê ao trabalho de interromper o que faz, ou o que devia estar a fazer, e telefonar internamente a exigir que alguns alunos CEF sejam conduzidos para fora da sala de professores, onde entraram com permissão dos seus professores, para que assistissem juntos ao que se revelou um histórico jogo entre Portugal e a Coreia do Norte (o que eu faria para poder ter visto o de 1966)?

 

Que pode alguém ganhar com isto? Como pode alguém ter tanto empenho em desautorizar os seus colegas, por permitirem que os alunos que conhecem como a palma das suas mãos, tenham um acesso pontual, excepcional à sala de professores?

 

Compreendo que nem todos os professores se sintam queridos ou sequer visíveis quando vão à sala de professores. Mas, muitas vezes mais até do que este ou aquele professor, os alunos serão sempre ali queridos e reconhecidos. Uma vez que nada disso vem expresso em regulamento interno, que mesquinhez é necessária para perder tempo com isto?

 

Como podemos nós esquecer-nos que tantos professores ali deixaram entrar, durante anos, os seus próprios filhos, sem que alguém tivesse o descaramento, o despropósito de levantar qualquer objecção? Quanta desfaçatez é necessária para exigir aos outros o oposto daquilo que nós próprios praticámos durante anos?

 

Como se pode achar por bem impedir que estes alunos CEF ali possam entrar pontualmente, esses mesmos cuja integração é mais exigente, alunos que, para mais, todo o ano ali entram para ter com os professores gestos de cortesia, de indiscutível valor pedagógico.

 

Em todo o caso, uma vez que parece que nasceu um insólito interesse em impedir que a miudagem possa entrar na sala de professores, não posso deixar de apresentar uma declaração de interesses. Envergonhado, confesso publicamente que a minha filha conseguiu penetrar na sala de professores há uns dias, onde permaneceu por mais de vinte minutos. Pai arrependido, em seu benefício devo acrescentar que a coitadinha foi obrigada a entrar em tão inexpugnável enclave porque ainda não sabe caminhar sozinha. Acresce a agravante de ter sido eu quem a levou ao colo. Em abono da verdade, devo acrescentar que não fui o único a segurar a criança.

 

E, perdoe-me um grande amigo que aqui traio sem renitências, a minha filhinha não foi a única a entrar no templo. Um outro elemento indesejável chamado Diogo também profanou o local.

 

Resumindo e concluindo, digo-vos muito a sério: que vergonha, que descaramento, que inominável tudo isto é.

publicado por Rui Correia às 20:04
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De Isabel a 21 de Junho de 2010 às 21:02

Também tenho de confessar que o meu neto, ainda com poucos meses, entrou na sala de professores, assistiu a reuniões e até dormiu umas sestas no Conselho Executivo. Há sete anos. Hoje, aluno da escola, também já entrou na sala de professores à procura da avó, porque era urgente (para ele, claro) 1€ para comprar um gelado.
Mas muitos por lá têm passado.
E quando alguns professores os põem a fazer testes na sala de professores, aí sim, durante o tempo de aulas.
E quando há professores que ficam indignados com a presença de alunos na sala de professores e não tomam conta deles quando assistem a espectáculos de música no hall da escola, mas gostam de comer tarte de maçã nos lanchinhos de 4ª feira, servida pelos mesmos alunos.
Fiquei chocada. Os miúdos estavam a portar-se tão bem! E eram os únicos alunos na escola. Até uma colega que trabalhava e levara os seus filhos consigo, como tanta gente já o fez, questinou: Será que tenho de ir -me embora com os meus?
- Não! Filhos de professores foi o que aqui nunca faltou.


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