A onda de nacionalismos palermas que começam a surgir um pouco por todo o lado criam a atmosfera perfeita para uma surdez diplomática que nos divide a todos. Uma surdez que serve de bandeja às outras potências a soberania europeia. Uma soberania cooperativa que deve permanecer o mais relevante projecto de civilização mundial. Um ideal que se constitua como capaz de competir com a irracionalidade gananciosa, insustentável, do desenvolvimento chinês e do criptoisolacionismo teapartiano norte-americano.
Dizer que Portugal não é a Grécia ou que a Espanha não é Portugal ou que os EUA não são a Grécia nem Portugal é o adubo estrumeiro para egoísmos patrioteiros, habitualmente associados ao vilipêndio das 'lideranças' contemporâneas e à nostalgia mistificada das 'lideranças' antigas.
'Comprar português' ou 'fazer férias cá dentro' conduz-nos a um trajecto nacionalista que já antes foi percorrido: o desfecho começaria em 1914 e terminaria em 1945, com direito a intervalo. De novo, é no seio da Europa que crescem as raízes de um imperialismo condutor à sua própria destruição. E desta vez, como da outra, os despojos não serão europeus. Compremos, pois, europeu. Pensemos europeu.
É a única forma de, tarde ou cedo, nos permitirmos deixar de pensar europeu para podermos recomeçar a pensar universalmente, que é o que importa que todos acabemos por fazer.