Participei hoje num encontro de muita gente que foi convocada para que lhes fosse transmitida nenhuma informação. Nada. Um grande número de pessoas, quase todas com família para cuidar e mais que fazer, foi chamado de propósito para se deslocar a um sítio onde, depois de reunida uma pequena multidão, nada lhes foi dito. E quando digo nada, não digo pouco. Digo nada, mesmo. Isto numa altura em que todos gostariam ao menos de saber o básico do básico. O bêábá de Setembro. “Que turmas são as minhas?”, “Que horário terei?”, “De que turma sou director? Sou?”, “Com quem tenho de me reunir para começar a escrever planificações? Quem vai dar o mesmo nível que eu?”.
Ou coisas menos básicas como ”O novo regulamento interno já está escrito? O que diz?”, “O novo estatuto do aluno implica o quê nesta escola, de concreto?”, “Como estamos de agrupamentos ou megas ou lá o que querem fazer com isto tudo”. Coisas do tipo “Como vamos de eleições para o novo Conselho Geral – que o antigo parece andar pelas ruas da clandestinidade”. Coisas como “Já existe nova associação de pais? A outra parece que andou pelas ruas da amargura”. Entre outras coisas. Em vez disso todos recebemos nada.
Ao fim de dez minutos de uma parouvela insignificante e apressada pela vergonha, logo se prognosticou um cafezinho redentor. Nos corredores só se ouviam baboseiras, piadas e exclamações que nem me atrevo a reproduzir. Deixo apenas três coisas por serem todas cinematográficas e por me terem feito sorrir - e eu ando a precisar de sorrir: “Tirem-me deste filme”. “Isto parece o Star Trek: to boldly go where no man has gone before”. “Só vos digo isto: Titanic”.
Pela minha parte já só ouço e calo que isto tudo não presta mesmo para nada. Ouço e calo. Ou, melhor dito ainda, osso e calo.