Nem vou muito à bola com o indivíduo, confesso, mas muito, muito bem esteve o deputado Nuno Melo do PP na comissão parlamentar para questionamento ao Procurador Geral da República, Souto Moura, sobre o imbróglio inominável das escutas telefónicas. O que disse enuncia com eloquência sincera e educação o que todos sentimos sobre este flagelo da justiça furtiva (se excluirmos alguns arremessos eleitoralistas, uma lamentável referência ao Burundi como um Estado sem Direito, e a utilização excessiva da palavra "eu").
O que dali avulta é a inépcia descontraída desta Procuradoria. Nada, absolutamente nada, se consegue saber em matéria de quem transgride tão assídua e impunemente o segredo de justiça, uma conclusão de uma comissão de inquérito, um relatório. Nada. São anos e anos em que tudo vem acontecendo nas barbas do Magistério Público, sem que por ali alguém consiga, ao menos uma única vez, dizer: isto aconteceu assim. Portugal não merece esta mandriice. Não, não merece. Confrangedor.